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MEMÓRIA DE DOM LUÍS FERNANDES

VIVER E RECORDAR NA SAUDADE (*)

 (*) Palavras de D. Luís na abertura do 7o Intereclesial (D.de Caxias RJ)



Há alguns dias, não muito distantes, trazíamos presente em nossos bate-papos   e  planejamentos duas coisas: 1)  o fato da urgente necessidade em organizarmos uma forma de melhor socializarmos as informações acerca da caminhada das CEBs no Brasil, através de um site na net, por exemplo; 2) propor à próxima Ampliada Nacional, a redação de uma carta endereçada aos “amigos da caminhada”, que mesmo comungando o mesmo sonho, já não podem estar sempre conosco – pensávamos isto lembrando, particularmente, em D. Luis Fernandes.

Por estes dias, procurando, então, o endereço eletrônico do D. Luís no site da CNBB, e já preparando-nos para escrever-lhe, recebemos o comunicado do CESEP, através do Beozzo:

 “O CESEP cumpre o doloroso dever de comunicar que foi chamado para junto do Pai, no dia de hoje, por volta das 20:00 hs, o seu grande amigo e um dos seus sócios fundadores, DOM LUÍS GONZAGA FERNANDES, bispo emérito de Campina Grande PB.
Ele está sendo velado na Catedral de João Pessoa PB, onde faleceu, e amanhã cedo, dia 5 de abril, haverá missa de corpo presente, às 7:30 da manhã.
O enterro acontecerá em Campina Grande, onde foi bispo a partir de 1981, depois de ter estado como auxiliar de Vitória de 1965 a 1981.
Tomamos a liberdade de acrescentar um pequeno resumo de sua vida e atividades que preparamos para o estudo sobre a participação do episcopado brasileiro no Concílio Vaticano II. Dom Luís foi sagrado bispo em Roma nas últimas semanas do Vaticano II, contando com a presença dos numerosos bispos brasileiros presentes ao Concílio. Ele amou apaixonadamente a Igreja, povo de Deus, que emergia do Vaticano II, fazendo das CEBs a melhor e mais profética forma de traduzir a Lumen Gentium na prática pastoral da Igreja junto aos pobres, os prediletos de Deus.”


Foi um susto para nós!
Passado este momento, nos apressamos em escrever o que seria a “bendita carta”, agora endereçando, mais especialmente ainda, ao “Bispo das CEBs”... ele, que já deve te-la recebido desde a eternidade!

“D. Luis, para nós da Ampliada Nacional o senhor não era somente um convidado ou alguém “muito indicado” a participar conosco dos encontros e reuniões. Mas, sempre foi um amigo ternamente esperado.
Como sempre, partilhava conosco teu modo prestativo de existir. Mesmo não podendo estar presente, não deixava de acenar para nós, permanecendo em sintonia.
Ora, amigo, quem quiser falar da história das CEBs no Brasil e dos seus 10 Intereclesiais, terá sempre que recordar tua presença. Indo à estante das nossas memórias, tomando aqueles livros que falam da vida e história das CEBs, nos quais estão sacramentados  os bonitos relatos dos Intereclesiais, notamos como teu nome está gravado em cada passo que demos.
Recordamos que em 1984, quando editavas o livrinho “Como se faz uma Comunidade Eclesial de Base”, Leornado Boff, no prefácio dizia:

“A caminhada da igreja nas bases, nos meios populares deve muito a este bispo nordestino, um dos bispos mais inteligentes e brilhantes da Igreja que saiu do Vaticano II (1965), que foi batizada em Medellín (1968) e confirmada em Puebla (1979). (...)Dom Luís Fernandes possui a consciência clara do significado transcendente para a Igreja universal, escondido no seio da vasta rede de comunidades eclesiais de base que marca indelevelmente a Igreja no Brasil. Foi ele quem iniciou no Brasil os Encontros Intereclesiais de Base, já em 1975” (op cit. p. 7).


Ao folhearmos velhos arquivos, aqueles de papéis amarelados pelo tempo, mas sacramentados pela história, vivemos e recordamos, ainda que na saudade, tua cordial e terna presença entre nós. 
Ressaltamos teu discurso na abertura do 7º Intereclesial em Duque de Caxias:

 “A história é bonita demais para ser contada. Vale a pena só viver e recordar na saudade. Foi um encontro pequenino como uma semente, com 70 pessoas- e não duas mil -, uma dezena de bispos, meia dúzia de assessores e foi tudo...num janeiro abençoado! Faz 15 anos, foi em 1974 que a decisão foi tomada, por inspiração de um punhado de irmãos. E ninguém imaginava que ali se semeava esta plantação de Deus, que iria florescer, numa escalada magnificante a apoteose desta festa”

Tu, sempre conosco... nos seminários nacionais, nas Ampliadas! Há, não podemos nós olvidar nunca, o quanto nos sentimos acompanhados durante a preparação do 10º Intereclesial em Ilhéus, na Bahia. Tu que falavas com conhecimento de causa, sempre respeitando, porém, as opiniões de nossos companheiros e companheiras.
Temos guardada, D. Luis, tua ficha de inscrição, fotos que te revelam no meio do povo de Deus que refletia e celebrava naquele julho de 2000, chuvoso mas pleno de Graça.

Amigo, continuaremos teu sonho e permaneceremos atentos e atentas aos pobres que são ainda milhões neste imenso país. Lutaremos, sim, trabalharemos para que as CEBs continuem sendo o espaço dos pobres e daqueles/as que os amam com sinceridade.

As canções populares dizem que o céu é uma festa que não tem fim... ora, não duvidamos que logo o senhor se junte a alguns amigos e amigas e logo, logo, cuide de montar um Intereclesial, bem bonito, verdadeiramente ecumênico! E como o próprio Deus encurtou as distancias e derrubou as barreiras entre o céu e a terra, nos uniremos a vocês e celebraremos a caminhada, mesmo diante dos entraves que puseram e ainda põem em nossa caminhada, dificuldades que você acompanhou e experimentou bem de perto.

Luis Fernandes – Bispo das CEBs –receba de todos nós, “aí” na eternidade que já nos toca, um beijo no coração!


Edegard Silva Júnior e Márcio Pimentel
Membros da Ampliada Nacional de CEBs


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